Um passeio pelo universo juninoUm passeio pelo universo junino

Um passeio pelo universo junino

Conheça indicações de filmes, livros e álbuns para aproveitar o clima de arraial sem sair de casa

21/05/2021 21/05/21

Chegou a época das festas juninas, tempo ideal para se esquentar perto da fogueira, degustar comidas típicas e dançar quadrilha. Com a pandemia da Covid-19, porém, ainda não será possível celebrar o dia de São João fazendo tudo isso. Mas para não deixar a tradição esquecida, a revista EC Pinheiros preparou uma lista com 10 indicações culturais para você sentir um pouco do clima caipira dentro de casa.


MÚSICA

Elba canta Luiz – Elba Ramalho

Nesse álbum, Elba Ramalho homenageia Luiz Gonzaga, conhecido como Rei do Baião, aprofundando-se em sua obra e montando um painel da música nordestina mais tradicional. Com toda sua força cênica, a intérprete canta sucessos, como as canções clássicas “A vida do viajante” e “Juazeiro”.  Lançado em 2002, o disco foi feito em parceria com Dominguinhos e conta com convidados especiais como Zeca Pagodinho. Em 13 faixas, a paraibana cria uma trilha sonora para as festas juninas.

Fé na festa – Gilberto Gil

O cantor e compositor lançou, em 2010, esse disco junino autoral com 13 faixas dançantes que fazem referência à cultura do Nordeste. De volta às origens com canções de maxixe, baião, xote e forró, o artista traz para o público o clima das festas juninas com uma rítmica inspirada em Luiz Gonzaga. A poesia contida nas letras confere um teor contemporâneo ao álbum, em músicas como “Lá vem ela”, toada-baião que inaugurou a parceria de Gilberto Gil com Vanessa da Mata.

Arraiá de Geraldo Azevedo – Geraldo Azevedo

Geraldo Azevedo armou um verdadeiro arraial na pandemia com o lançamento desse álbum, em 2020. Com repertório de ritmos nordestinos, o cantor e compositor apresenta 11 faixas com clássicos do Rei do Baião e de outros mestres do forró, como Nando do Cordel e Zé Dantas. Com a paralização do mercado de shows devido à crise, o artista lançou esse disco com o registro de sua apresentação no Circo Voador em 2019, animando as festas juninas do público em isolamento social.


Filmes

O Auto da Compadecida (2000)

“Não sei, só sei que foi assim.” Essa frase ficou famosa no filme dirigido por Guel Arraes, que acompanha a vida de dois nordestinos pobres fazendo de tudo para sobreviver: João Grilo e Chicó. Baseada na peça de Ariano Suassuna (1927-2014), lançada em 1955, a história é ambientada em Taperoá, no sertão da Paraíba, e a produção transporta o público para o Nordeste dos anos 1930, mostrando costumes da cultura caipira e apresentando as façanhas dos personagens, que encontram até com Nossa Senhora, a Compadecida.

Lisbela e o prisioneiro (2003)

Nessa comédia romântica com pitadas de suspense, Lisbela é uma jovem romântica e sonhadora do interior que ama cinema, e Leléu é um grande vigarista aventureiro. Quando os dois se conhecem, é amor à primeira vista. Porém Leléu está jurado de morte por um cangaceiro e Lisbela está noiva, dificultando a realização do romance. A história, dirigida por Guel Arraes, é baseada na peça de Osman Lins e se passa em Pernambuco, trazendo toda a atmosfera nordestina para as telonas.

O bem amado (2010)

Quando Odorico Paraguaçu é eleito prefeito da cidade fictícia de Sucupira, no litoral da Bahia, ele anuncia que a grande obra de seu governo será a inauguração de um cemitério. Porém, como nenhum habitante morre, nem mesmo o moribundo Ernesto, o político precisa criar um plano para alcançar seu objetivo. Ao trazer o clima interiorano, O bem amado faz referência à cultura caipira, além de conter diversas críticas sociais ao Brasil. O filme é baseado na peça de Dias Gomes, lançada em 1962.

Gonzaga: De pai para filho (2012)

Para trazer à tona a energia das festas juninas, nada melhor do que assistir ao filme que conta a vida do cantor e sanfoneiro considerado o Rei do Baião. Após uma decepção amorosa, Luiz Gonzaga vai para a cidade grande e conhece Odaléia, com quem tem um filho. Para garantir um futuro melhor para a família, o protagonista sai Brasil afora em busca de seu destino. O diretor Breno Silveira narra de maneira emocionante a trajetória de Gonzagão, baseando-se em conversas entre ele e o filho, Gonzaguinha.


Literatura de Cordel

A pedra do meio-dia ou Artur e Isadora, de Bráulio Tavares (1998)

Em 80 páginas, os leitores se emocionam com a história de Artur, um andarilho valente que salva a bela Isadora das garras de uma onça e depois a ajuda a encontrar a pedra do meio-dia para livrar seu reino do feitiço de um gigante. Com muita fantasia, aventura e romance, a narrativa, no formato de cordel, é carregada de poesia e conta com uma estrutura rítmica cativante, duas características marcantes do gênero.

Colcha de retalhos, de Moreira de Acopiara (2011)

Os leitores vão entrar no universo do cordel por meio de xilogravuras e contos tradicionais do sertão brasileiro. O livro narra a história de um morador da roça que retorna à sua cidade anos depois e reencontra a família. Com elementos típicos da literatura de cordel, como efabulação, sonoridade, ritmo e expressões regionais, Colcha de retalhos promove uma viagem literária à alma do Nordeste brasileiro.

Heroínas negras brasileiras, de Jarid Arraes (2017)

Nessa coleção de cordéis, a escritora brasileira resgata a memória de personagens negras importantes para a história do Brasil, como Carolina Maria de Jesus, Dandara e Na Agontimé. Elas lutaram pela liberdade, reivindicaram seu espaço na política e nas artes e criticaram a injustiça e a opressão. São 15 histórias em 176 páginas, no formato da literatura cordelista, para manter os feitos dessas mulheres vivos na recordação.

ILUSTRAÇÃO: POLAR.LTDA