As produções cinematográficas brasileiras nunca ganharam os Academy Awards, ou Oscars. O histórico de indicações, que conta com longas, documentários e animações, no entanto, já fez o País sonhar com a estatueta mais cobiçada da sétima arte.
Este ano, na 93ª cerimônia realizada em Los Angeles, na Califórnia, mês passado, o Brasil não constou na lista de indicados. A maior aposta era Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou, filme dirigido por Bárbara Paz.
Para homenagear as produções nacionais, a Revista EC Pinheiros escolheu os momentos em que os artistas e diretores brasileiros desfilaram no tapete vermelho ao lado das estrelas de Hollywood.
1945
BRAZIL
Melhor Canção Original
A estreia do Brasil na lista de indicados ao Oscar não foi por atributos cinematográficos, mas sim musicais. A canção “Rio de Janeiro”, de Ary Barroso (1903-1964), concorreu à estatueta na categoria Melhor Canção Original, na trilha do filme Brazil (Joseph Santley). A composição, que disputava com outras nove, perdeu para “Swinging on a star”, composta por Jimmy Van Heusen, que foi tema do estadunidense O bom pastor (Leo McCarey).
1963
O PAGADOR DE PROMESSAS
Melhor Filme Estrangeiro
Quando Leonardo Villar aparece na telona interpretando Zé do Burro, homem simples que precisa pagar uma promessa carregando uma cruz pesada até a igreja de Santa Bárbara, tem início essa produção que figurou na lista de concorrentes ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Dirigido por Anselmo Duarte e baseado na peça homônima de Dias Gomes, O pagador de promessas não levou a estatueta, a Academia preferiu o francês Sempre aos domingos (Serge Bourguignon).
1996
O QUARTILHO
Melhor Filme Estrangeiro
Com a indicação para a categoria Melhor Filme Estrangeiro, a crítica e o público ficaram interessados nessa produção de Fábio Barreto. A história, que se passa no início do século XX, acompanha dois casais de amigos que se mudam para uma comunidade rural no Rio Grande do Sul, habitada por imigrantes italianos. O conflito tem início quando a esposa de um se interessa pelo marido da outra, e os amantes decidem fugir. Com Glória Pires e Patrícia Pillar no elenco, o filme foi preterido no Oscar pelo holandês A excêntrica família de Antonia (Marleen Gorris).
1998
O QUE É ISSO COMPANHEIRO?
Melhor Filme Estrangeiro
O Brasil voltou a ser lembrado pela Academia em 1998, quando a produção de Bruno Barreto entrou na lista de indicados a Melhor Filme Estrangeiro. Baseado no livro de Fernando Gabeira, o longa expõe a história verídica do sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, em 1969, por integrantes dos grupos de esquerda MR-8 e Ação Libertadora Nacional, que lutavam contra o regime militar instaurado no País em 1964. Estrelado por Selton Mello e Pedro Cardoso, o filme perdeu o Oscar para o holandês Caráter (Mike van Diem).
1999
CENTRAL DO BRASIL
Melhor Filme Estrangeiro
Melhor Atriz
A história da professora aposentada Dora, que trabalha escrevendo cartas para pessoas analfabetas na Estação Central do Brasil, chamou a atenção da Academia e rendeu ao filme duas indicações: Melhor Atriz, pela atuação de Fernanda Montenegro, e Melhor Filme Estrangeiro. Dirigida por Walter Salles, a produção franco-brasileira comove quando a vida da protagonista se cruza com a de Josué, jovem que perdeu a mãe e encontra conforto em Dora. Os prêmios, no entanto, foram para A vida é bela (Roberto Benigni) e para Gwyneth Paltrow, por Shakespeare Apaixonado (John Madden).
2004
CIDADE DE DEUS
Melhor Diretor
Melhor Roteiro Adaptado
Melhor Fotografia
Melhor Edição
Esse é o filme brasileiro que mais teve indicações ao Oscar até hoje: Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição. Fernando Meirelles dirigiu a história de Buscapé e Zé Pequeno, jovens que vivem em lados opostos da mesma comunidade. Ao mostrar um recorte da realidade brasileira, Cidade de Deus se tornou um dos marcos do cinema nacional. Apesar de ter sido uma das produções mais aplaudidas daquela edição, saiu da cerimônia sem levar nenhuma das estatuetas a que concorreu. O Melhor Diretor foi Peter Jackson, por O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei.
2012
RIO
Melhor Canção Original
O Brasil voltou a concorrer na categoria Melhor Canção Original, relembrando sua primeira indicação ao Oscar. Dessa vez, Carlinhos Brown e Sérgio Mendes ficaram na expectativa de vencer o prêmio com a canção “Real in Rio”, criada para a animação Rio. O filme de Carlos Saldanha conta a história de Blu, uma arara-azul que mora com sua dona em Minnesota (EUA) e precisa ir para o Rio de Janeiro salvar sua espécie. A música tinha apenas uma adversária, “Man or Muppet”, do compositor neozelandês Bret McKenzie, que acabou levando a estatueta.
2015
O SAL DA TERRA
Melhor Documentário
A trajetória do renomado fotógrafo Sebastião Salgado, contada pelo filho, Juliano Salgado, fez a Academia colocar o documentário na lista de indicados. Em O sal da Terra, o público toma conhecimento das produções do artista, desde as fotos na Serra Pelada até a produção do projeto Gênesis, expedição que registrou, a partir de imagens, civilizações e regiões do planeta até então inexploradas. O prêmio, no entanto, ficou com Citizenfour (Laura Poitras), coprodução norte-americana, francesa e alemã.
2016
O MENINO E O MUNDO
Melhor Filme de Animação
Pela primeira vez, uma produção brasileira foi indicada na categoria Melhor Filme de Animação. Dirigido por Alê Abreu, o filme conta as aventuras de um menino que faz as malas em sua pequena aldeia no interior e vai em busca do pai na cidade grande. No caminho, Cuca entra em contato com realidades sociais difíceis e passa por transformações internas. O longa perdeu o Oscar para Divertida Mente (Pete Docter), da Pixar.
2020
DEMOCRACIA EM VERTIGEM
Melhor Documentário
O documentário de Petra Costa foi a mais recente indicação de uma produção brasileira ao Oscar. O filme mostra o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, a queda do Partido dos Trabalhadores (PT) e a ascensão dos discursos de extrema-direita que levaram à eleição do atual presidente Jair Bolsonaro. A produção disputou a estatueta com American Factory, The Cave, For Sama e Honeyland. A Academia escolheu o estadunidense American Factory (Julia Reichert e Steven Bognar).
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