Cultivar o hábito da leitura desde cedo é fundamental para estimular a capacidade imaginativa e o pensamento crítico. Ler desenvolve o vocabulário e a interpretação, melhora a concentração e a memória, além de criar empatia e vontade de aprender. Os livros também são um grande aliado no processo educacional das crianças, contribuindo para seu desenvolvimento intelectual e emocional.
Mas nem sempre criar gosto pelas histórias literárias é uma tarefa fácil. Para ajudar nessa missão, a Revista EC Pinheiros fez uma seleção que pode ser a porta de entrada para a literatura. As obras escolhidas são clássicas e conquistaram gerações, então provavelmente os pais e mães também vão se identificar com esta lista e se lembrar do tempo em que eram crianças.
A bolsa amarela
Lygia Bojunga
A história da menina que carrega na bolsa três grandes desejos – vontade de crescer, ser um menino e se tornar escritora – é um clássico da literatura infantojuvenil brasileira. Raquel une o mundo real, das imposições da família, com seu mundo imaginário, em que cria fantasias e se conecta consigo mesma. A partir das vontades que guarda na bolsa amarela, a protagonista vai definindo sua personalidade e suas preferências em um caminho de autoconhecimento e crescimento. Publicado em 1976, o livro foi traduzido para vários idiomas e venceu prêmios como O melhor para a criança, da FNLIJ.
Alice no País das Maravilhas
Lewis Carroll
Alice é uma antiga conhecida de muitos adultos e continua encantando as crianças com as aventuras surreais que vive com os famosos Chapeleiro Maluco, Gato de Cheshire e Lagarta, entre outros personagens. Com ensinamentos para leitores de todas as idades, esse clássico, publicado em 1865, aguça a imaginação dos leitores, além de estimular a coragem de conhecer outros universos, lidar com as diferenças, reafirmar a identidade e questionar a passagem do tempo.
Marcelo, marmelo, martelo
Ruth Rocha
Um dos personagens mais famosos criados pela escritora Ruth Rocha, Marcelo vem encantando diversas gerações desde que o livro foi publicado, em 1976. O garoto esperto e questionador reinventa o nome das coisas, em um show de criatividade com toda a licença poética, trazendo inspiração para a criançada. As outras histórias do livro são “Terezinha e Gabriela”, sobre duas meninas bem diferentes que aprendem a conviver, e “O dono da bola”, com um protagonista que entende a importância da amizade. A obra literária estimula nos pequenos leitores o pensamento crítico e a tolerância.
O mágico de Oz
L. Frank Baum
Quando um ciclone atinge a casa de Dorothy, a menina e seu cão Totó são levados para uma terra distante e imaginária: o mundo de Oz. Lá, a protagonista aprende sobre o valor da amizade ao encontrar seres diferentes: o Espantalho, o Lenhador de Lata e o Leão Covarde. Com eles, a garota enfrenta seus medos e encara perigos em histórias fantásticas. Após tantos aprendizados, Dorothy descobre que seus Sapatos de Prata, assim como a imaginação, têm o poder de levá-la de volta para casa e para qualquer outro lugar. Esse clássico inspira a criançada a lidar com as diferenças e a ter coragem.
O menino maluquinho
Ziraldo
Essa série de histórias em quadrinhos, criada pelo cartunista Ziraldo, conta as peripécias de uma criança muito alegre e sapeca, carinhosamente chamada de “maluquinho”, mostrando a fase da infância de forma poética. O enredo fez tanto sucesso que saiu das páginas dos gibis e ganhou a televisão e o cinema, servindo de inspiração para várias adaptações. Criado na década de 1980, “o menino maluquinho” que usa o panelão na cabeça tem como principal característica o toque de humor ingênuo típico das crianças. Os pequenos são estimulados a expressar sua sabedoria infantil e sua espontaneidade.
Os meninos da rua Paulo
Ferenc Molnár
Não é só a literatura brasileira que chega aos pequenos: esse clássico infantojuvenil é de origem húngara. Mas o tema universal, que explora os desafios da passagem para a vida adulta e as dificuldades no processo de amadurecimento, fez o livro ir além das fronteiras de seu país e conquistar o mundo. Na história, os meninos travam batalhas pela posse do “grund” da rua Paulo, um pedaço de terra onde se brinca à vontade e a infância e a fantasia prevalecem sobre as imposições do mundo adulto. Publicado em 1907, o livro ensina, também, sobre a sociedade da Hungria da época, apresentando essa realidade distante.
O meu pé de laranja lima
José Mauro de Vasconcelos
Preservar a beleza da infância, mesmo em meio a dificuldades, é o mote desse livro. Lançado em 1968, continua nas prateleiras até hoje por sua história repleta de força e delicadeza. O protagonista Zezé tem seis anos e mora em um bairro modesto da zona norte do Rio de Janeiro. O pai está desempregado e a família passa por desafios, o que não é empecilho para que o garoto continue seguindo sua imaginação e aprontando confusão. Em cerca de 200 páginas, o autor mostra dores e tristezas vistas através dos olhos da criança e como o personagem faz para lidar com emoções negativas desde cedo.
O que me diz, Louise?
Slade Morrison e Toni Morrison
Esse livro é uma verdadeira celebração da leitura, da cultura e do aprendizado. Quando Louise sai em busca de um refúgio na biblioteca, mesmo em um dia chuvoso, encontra, nos livros, portas para vários mundos. Escrito pela vencedora do prêmio Nobel Toni Morrison e por Slade Morrison, esse clássico estimula o prazer de ler, não por obrigação, mas para “encontrar” personagens e universos, além de aprender com as histórias. O que me diz, Louise? é uma homenagem ao poder transformador dos livros e tem aspectos autobiográficos da autora, que quando criança era uma leitora como Louise.
Ou isto ao aquilo
Cecília Meireles
Nunca é cedo demais para começar a ler poesia. Nesse clássico, Cecília Meireles convida as crianças a se aproximarem dos versos e rimas, brincando com as palavras e explorando a sonoridade, o ritmo e a musicalidade. Publicado em 1964, o livro conta com 56 poemas que contribuem para o letramento das crianças, além de estimular a imaginação e a sensibilidade dos pequenos. No poema que dá título ao livro, Ou isto ou aquilo, os leitores são encorajados a lidar com dilemas, e isso estimula a reflexão na criançada, que adentra o universo das escolhas e tomadas de decisões de forma leve e, claro, poética.
Reinações de Narizinho
Monteiro Lobato
Para contar às crianças histórias sobre a mitologia nacional, esse livro é a escolha certa. Monteiro Lobato, um dos maiores escritores de literatura infantojuvenil, narra as peraltices da turma do Sítio do Picapau Amarelo, com destaque para as personagens Narizinho e Emília. Além de apresentar o folclore brasileiro, incluindo nos contos o Saci e a Cuca, por exemplo, o autor agrega ícones da literatura mundial, como Cinderela e Branca de Neve. Reinações de Narizinho tem onze histórias escritas a partir de 1920 e que ainda povoam o imaginário de diversas gerações.