Bom dia, sou a ansiedade

28/01/2025 28/01/25

Por Márcia Martins Indiani


Deixa eu me apresentar: eu, ansiedade, sou uma emoção.

As emoções são reações imediatas a um estímulo, indispensáveis para a sobrevivência e para evolução da espécie humana (já dizia Darwin, um dos pioneiros nos estudos das emoções). Ajudamos a antecipar riscos, mostrar contentamento e pedir ajuda.

Estudos demonstraram que somos encontradas em todos os lugares, não importando cultura, credo e raça. Algumas, básicas: alegria, tristeza, medo, nojo e raiva. Eu, ansiedade, sou um desdobramento do medo = emoção básica. Sua família: nervosismo, eu, ansiedade, temor, desespero e pânico. Assim descreve Paul Ekman no atlas das emoções (https://atlasofemotions.org).

Mas, lembrando, não somos vilãs, apenas sinalizações de comportamentos e pensamentos. 

Eu explico: sabe quando você vai fazer algo que é importante, uma entrevista de emprego, uma prova, uma competição, almoço de família, e sem você perceber seu coração começa a acelerar, sua boca fica seca, as mãos, úmidas, pois é, sou eu! Pode ser que diante disso tudo apareçam milhares de pensamentos que te deixam com infinitas dúvidas; sou eu! 

É bom lembrar que, quando eu apareço, é porque você está tendo uma reação fisiológica, uma ameaça do futuro, que não tem certeza do que vai acontecer. Isso pode provocar uma sensação de perigo, urgência, medo e insegurança. Talvez uma memória de alguma situação ligada ao passado ou um pensamento intrusivo esteja deixando a situação mais complicada do que parece.

Quanto mais você se conhece, mais percebe suas emoções surgindo e consegue responder a elas em vez de reagir. A diferença?

Você reage quando: diante da boca seca, do coração acelerado ou das dúvidas, você catastrofiza a situação, já imaginando o pior cenário; a entrevista não deu certo porque você gaguejou, na prova “deu branco”, na competição não fiz o que treinei, e no almoço de família aquele parente foi novamente indelicado com você.

Você responde quando: as situações serão desafiadoras, mas você está preparado para enfrentá-las: postura, atitude, tom de voz e um bom currículo são importantes na hora da entrevista, assim como ter estudado e descansado para a prova; lembrar que manteve uma constância dos treinos, levar as reuniões de família com leveza.

Eu vou pedir que fiquem atentos aos meus sintomas e o que predispõe a ficar desse jeito — quais seriam esses gatilhos.

Dicas. Exercícios de respiração são uma excelente terapia, porém eles precisam ser realizados diariamente! Comece com cinco minutos, sente-se em uma cadeira, coloque os pés no chão, mantenha sua coluna ereta. Observe o ar entrando e saindo das narinas… observe… sinta e perceba!

Faça uma pausa, sente-se para ver o jardim; tome um chá. Quando perceber que está sendo engolido pelos meus sintomas, as pausas podem fazer maravilhas.

Por fim, perceba como interfiro no seu dia, e lembre-se de que sempre que apareço sinalizo alguma coisa que te deixa preocupado, mas você tem o poder! O poder de responder às emoções de diferentes maneiras.


Márcia Martins Indiani é psicóloga do esporte do Esporte Clube Pinheiros. Professora da Associação Palas Athena. Colaboradora do Ambulatório de Ginecologia do Esporte UNIFESP.

FOTO: DIVULGAÇÃO

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