Campanha Novembro Azul faz alerta aos homens sobre câncer de próstata

Campanha Novembro Azul faz alerta aos homens sobre câncer de próstata

05/11/2024 05/11/24

Agora é a vez deles: chegou a campanha Novembro Azul, nascida em 2003 na Austrália, e voltada à conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce e da prevenção do câncer de próstata, o tipo de câncer que mais mata homens no Brasil e no mundo.

A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino que pesa cerca de 20 gramas. Ela fica abaixo da bexiga, e sua principal função, junto das vesículas seminais, é produzir o esperma.

O câncer de próstata é a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas, ou seja, mais de um quarto das mortes por câncer entre homens no mundo. No Brasil, estima-se que haja 71.730 novos casos por ano; um homem morre a cada 38 minutos, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

“Para se ter uma ideia, 12% dos homens vão ter câncer de próstata durante a vida. Hoje, no mundo, tem 1 milhão e 400 mil casos novos por ano. Até 2040, isso vai dobrar, chegando a 2 milhões e 900 mil casos por ano, graças ao envelhecimento da população e à melhora dos métodos de diagnóstico”, afirma Antonio Otero Gil, 60, urologista do Albert Einstein, Hcor e Icesp (Instituto do Câncer de Estado de São Paulo) com pós-doutorado sobre detecção de câncer de próstata.

A boa notícia é que métodos de diagnóstico e de tratamento são cada vez melhores. “Mais ou menos 30% das pessoas que têm câncer de próstata não vão precisar de tratamento. Algumas pessoas, não todas, têm o tipo menos agressivo.”

Trata-se de uma doença silenciosa; nas fases iniciais, o câncer de próstata não apresenta sintomas. Quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, com metástases, dificultando a cura, explica o médico. Na fase avançada, os sintomas são dor óssea, dores ao urinar, vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

“O câncer de próstata não dá sintomas. Quando dá, provavelmente já tem uma doença avançada.” A detecção sofreu uma revolução, ele explica, no fim dos anos 1980, quando surgiu o exame PSA (antígeno prostático específico), que mede a quantidade de uma enzima produzida pela próstata masculina. “Antes disso, 75% dos tumores eram diagnosticados já avançados ou com metástases. Depois, caiu para 15%, e muitos deles passaram a não causar a morte dos pacientes.”

Não há um único fator de risco, mas algumas condições que aumentam a incidência da doença. A principal é a idade, sendo mais frequente em homens a partir da sexta década de vida. Também pesam o histórico familiar de câncer de próstata no pai, irmãos ou tios, a raça —  homens negros têm maior incidência — e a obesidade, além do fator de risco dos judeus asquenazi. “Para quem tem risco maior, a orientação é fazer a partir dos 40 anos um exame de PSA”, diz Gil.

As principais recomendações para prevenir o câncer de próstata são ter hábitos saudáveis, com atividade física regular, boa alimentação e baixa ingestão de álcool. E o médico Antonio Gil realça que é fundamental buscar o diagnóstico precoce. “Todo homem deve fazer entre 45 e 50 anos uma visita ao urologista, e fazer um exame de PSA.”

Existem outros exames além do PSA, como ressonância magnética e até testes genéticos que devem chegar ao Brasil em breve. “O exame de toque só diagnostica uma parcela pequena dos tumores. Mas quando há suspeita da doença, fazer uma vez o exame é uma alternativa para evoluir na pesquisa”, diz Gil.

Segundo ele, a procura aumenta em novembro, no embalo da campanha. “Sou urologista desde 1993 e venho sentindo um aumento. Os homens estão cada vez mais conscientes, têm muito mais informação e menos estigma.”

FOTO: FREEPIK

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