Em Paris, Brasil terá maior delegação em uma Paralimpíada fora do Brasil, e Pinheiros aposta em multicampeão para ampliar lista de medalhas
É chegada a hora dos Jogos da XVII Paralimpíada, também chamados de Jogos Paralímpicos de 2024, e em grande estilo: o Brasil terá em Paris a maior delegação da sua história para uma Paralimpíada fora do País.
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) convocou 252 atletas com deficiência para a competição na capital francesa. Também foram convocados 17 atletas-guia, três calheiros da Bocha, dois goleiros do Futebol de Cegos e um timoneiro do Remo. E duas atletas do Judô receberam convites do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês).
Com isso, a delegação brasileira contará com 277 participantes em Paris, a maior quantidade de paratletas convocados para uma edição dos Jogos fora do Brasil. O número fica abaixo apenas da delegação dos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou o evento e teve 278 atletas em todas as 22 modalidades já classificadas automaticamente.
No total, haverá 4.400 atletas paralímpicos em Paris, de 185 comitês paralímpicos nacionais. Assim como na Olimpíada, pela primeira vez haverá paridade de gênero, com 50% de atletas mulheres.
Serão 22 esportes disputados em onze dias de competição. Entram no rol de competições em Paralimpíadas o Badminton e o Tae Kwon Do.
E, como bem define a organização, os Jogos Paralímpicos são mais do que um evento esportivo: eles oferecem uma oportunidade única para chamar a atenção do mundo para o esporte e a deficiência, inspirar as pessoas, provocar mudanças sociais e dar oportunidades profissionais e esportivas mais inclusivas às pessoas com deficiência.
Até o fechamento desta edição, o Brasil tinha atletas classificados para disputar dez dos 22 esportes nas Paralimpíadas de Paris 2024: Vôlei Sentado feminino e masculino, Goalball feminino e masculino, Ciclismo, Tiro com Arco, Atletismo, Natação, Canoagem, Futebol de Cegos, Remo e Tênis.
Na disputa, o País vem com boas perspectivas em modalidades como Atletismo, Natação e Vôlei, nas quais tem tradição vitoriosa no esporte paralímpico.
Em sua história, o Pinheiros conta com 17 medalhas paralímpicas. São 14 do nadador André Brasil Esteves, distribuídas entre Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016, e incluindo sete ouros, e as três medalhas de Petrúcio Ferreira como atleta do Clube.
Em Paris, o ECP estará representado por três paratletas: Petrúcio Ferreira, Claudia Santos e Jairo Klug.
Jairo vai para sua terceira Paralimpíada com uma história peculiar: é um ex-atleta do Remo convencional que migrou para o Remo paralímpico após ter sofrido um acidente de moto.
Ele começou a carreira no Remo olímpico aos 17 anos, em 2001, e chegou a participar da seleção brasileira da modalidade, tendo disputado os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007. Após o acidente, em 2011, que resultou em uma monoparesia no membro superior esquerdo, ele ingressou no Remo paralímpico. Desde então, foi bicampeão mundial na classe Mix2x PR3, em 2017 e 2018, e disputou as Paralimpíadas de Londres e de Tóquio.
Jairo Klug é um dos pinheirenses participantes da Paralimpíada
“Estou confiante, venho treinando e me preparando muito para esse momento. Atingi métricas de desempenho que não atingia há muito tempo, bati alguns recordes pessoais e posso dizer que estou na minha melhor fase desde a migração para o Remo paralímpico”, diz Jairo.
Aos 40 anos, 20 deles no ECP, ele afirma que as motivações para ser um atleta paralímpico de alto rendimento mudaram com o passar do tempo, mas agora restou uma: o sonho da medalha de ouro.
“Pratico Remo há 23 anos, mais da metade da minha vida, então posso dizer que contribuiu muito na minha preparação para os desafios da vida. Inclusive a forma como enfrentei a recuperação pós-acidente, sempre com muita resiliência, determinação, foco e força mental.”
Já Cláudia é uma veterana em Jogos Paralímpicos, preparando-se para disputar sua quinta Paralimpíada na classe Single Skiff PR1 — a única remadora paralímpica a atingir esse feito na história do País.
“É o sonho de todo atleta representar seu Clube, seu País, sua família, e ver a consequência do trabalho de quatro anos. Estou muito feliz em poder retribuir toda a confiança que o Clube Pinheiros tem em mim”, comenta.
Cláudia Santos também vai disputar os Jogos Paralímpicos
A trajetória no último ciclo foi marcada por dificuldades, incluindo problemas de saúde e cirurgias, mas Cláudia, aos 46 anos e no Pinheiros desde 2009, sonha alto com uma medalha e, se possível, mais uma edição dos Jogos: “Uma medalha paralímpica é o sonho de toda atleta. E, quem sabe, participar da sexta Paralimpíada”.
E Petrúcio é um caso à parte, a maior aposta do Pinheiros — e do Brasil — para disputar medalhas nos Jogos, correndo nas provas de 100m rasos e 400m rasos na classe T47.
O paraibano é detentor do recorde mundial dos 100 metros rasos (10 segundos e 42 centésimos), obtido na semifinal do Mundial de Atletismo de Dubai, em 2019, e vai disputar sua terceira Paralimpíada, após ter participado no Rio e em Tóquio. Ele é também um especialista nos 200 metros rasos, dono do recorde mundial, mas essa prova da classe T47 não está no programa dos Mundiais de Atletismo nem dos Jogos Paralímpicos.33
Petrúcio Ferreira é promessa de medalha em Paris 2024
Dono de cinco medalhas paralímpicas, duas delas como atleta do Pinheiros, clube que representa desde 2017, Petrúcio vem de um tetracampeonato no Mundial de Atletismo Paralímpico e se diz muito bem-preparado.
“Estou bem confiante, treinei bastante para essa grande competição, inclusive fazendo ótimos resultados nos treinos. Só preciso acertar isso dentro das provas, que é o mais importante, para poder sair de lá feliz e, se Deus quiser, com mais uma medalha para o nosso País.”
Petrúcio afirma se sentir extremamente grato por representar o Pinheiros e o Brasil mais uma vez. E, assim como os colegas pinheirenses que vão com ele a Paris, enxerga seu desempenho nas pistas como um vetor de transformação muito maior do que o esporte em si, a favor da causa das pessoas com deficiência.
“A minha maior motivação hoje para ser um atleta paralímpico está em sempre buscar ultrapassar meus limites e em defender as bandeiras das pessoas com deficiência e dos nordestinos, mostrar o poder que o esporte tem. É muito transformador. Por meio do esporte, ser um espelho de motivação para outros jovens, para outras crianças seguirem em frente com os seus sonhos”, ele afirma.
Aos 27 anos, o paratleta sonha em abrir um instituto com seu nome para fomentar o surgimento de novos esportistas como ele. “Eu sou um menino muito sonhador. E um dos meus maiores sonhos atualmente é abrir o Instituto Petrúcio Ferreira, para apoiar outros jovens no mundo do esporte.”
A seguir, confira as datas e horários em que os atletas do Pinheiros vão competir em Paris, e relembre as medalhas do Clube na história dos Jogos. Boa Paralimpíada!
AS MEDALHAS PARALÍMPICAS DO ECP
NATAÇÃO PARALÍMPICA
André Brasil Esteves – 2 pratas e 2 bronzes (Rio 2016), 3 ouros e 2 pratas (Londres 2012), 4 ouros e 1 prata (Pequim 2008)
ATLETISMO PARALÍMPICO
Alan Fonteles – 1 prata (Rio 2016)
Petrúcio Ferreira – 1 ouro e 1 bronze – Atletismo (Tóquio 2021)
AGENDA PARALÍMPICA PINHEIRENSE
30 DE AGOSTO, SEXTA
Remo
4h30 às 7h50 – Classificatórias Single Skiff PR1 (Claudia Santos) e Mix2x PR3 (Jairo Klug)
Atletismo
A partir das 6h – Classificatória 100m rasos T47
A partir das 14h – Final 100m rasos T47
3 DE SETEMBRO, TERÇA
Remo
4h30 às 6h50 – Repescagem Single Skiff PR1 (Claudia Santos) e Mix2x PR3 (Jairo Klug)
4 DE SETEMBRO, QUARTA
Remo
4h30 às 6h – Finais Single Skiff PR1 (Claudia Santos) e Mix2x PR3 (Jairo Klug)
6 DE SETEMBRO, SEXTA
Atletismo
A partir das 5h
Classificatória 400 rasos T47 –
7 DE SETEMBRO, SÁBADO
Atletismo
A partir das 5h – Final 100m rasos T47
FOTOS: DIVULGAÇÃO