Checklist da saúde feminina

Checklist da saúde feminina

05/03/2025 05/03/25

Até há pouco tempo, os ensaios clínicos e estudos médicos contavam com a participação de voluntários que eram, em sua maioria, homens. Essa distorção vem sendo corrigida paulatinamente nos últimos anos, o que é de suma importância. “Porque, do ponto de vista fisiológico, do funcionamento do organismo, homens e mulheres são diferentes”, esclarece Mariana Camargo, médica do esporte no Hospital das Clínicas e no Hospital Albert Einstein, que tem entre seus pacientes muitos atletas e associados do ECP.

Isso quer dizer que certos problemas e doenças são mais comuns em um sexo do que no outro. Portanto, faz todo o sentido falar de saúde do homem e de saúde da mulher. Aqui, com a assessoria de Mariana, serão abordados aqueles cuidados que as mulheres devem observar para manter a saúde em dia.


Cabeça boa

O primeiro ponto de atenção que Mariana destaca é não negligenciar a saúde mental. “Os distúrbios mentais estão mais presentes hoje em razão do estilo de vida contemporâneo, por causa do ritmo acelerado do cotidiano, do excesso de telas, entre outras questões”, explica. A vigilância deve ser redobrada com adolescentes e mulheres jovens, suscetíveis aos distúrbios relacionados à aparência e aos transtornos alimentares. “Há muita comparação nas redes sociais e exposição a conteúdos que vendem um ideal estético muitas vezes inalcançável, o que pode ter um impacto significativo na autoestima”, explica.

Outra característica feminina, a de abraçar o mundo, de fazer várias coisas ao mesmo tempo, funciona, muitas vezes, como um gatilho para quadros de ansiedade e depressão. “O importante é não subestimar os sinais”, diz Mariana. “Achar que está só cansada e que logo passa.” Ela explica que todo o quadro que interfere no cumprimento das rotinas diárias, que afeta as relações interpessoais, mostra que algo não vai bem e que é hora de procurar a ajuda de um profissional. “Não tem jeito: a mente é reflexo do corpo e vice-versa.”


Filme da vida

Um conselho de Mariana é, na medida do possível, estabelecer uma rotina com um profissional de confiança, um médico para chamar de seu. “Pode ser um clínico geral, um cardiologista, um endocrinologista, ou de qualquer outra especialidade. O que importa é que esse profissional vai centralizar o cuidado e enxergar o filme da vida da paciente, sendo capaz de acompanhar as evoluções e mudanças”, explica. Ela recomenda que pelo menos uma vez por ano seja feita uma consulta de rotina com esse profissional, que vai fazer a orientação clínica e prescrever os exames necessários.


Proteção natural

Além dos exames de análise de sangue e urina, que fornecem uma fotografia de como anda o metabolismo do corpo, ela recomenda o rastreamento de doenças da tireoide, glândula cujo funcionamento irregular afeta muitas mulheres. E também da condição cardíaca. Em função da produção do estrogênio, o hormônio feminino, as mulheres estão naturalmente mais protegidas de eventos cardíacos do que os homens. O nível do estrogênio cai conforme a idade avança, até parar de ser produzido com a chegada da menopausa. “A partir de então, deve ser dada muita atenção à avaliação cardiológica, ao risco de diabetes e de hipertensão”, recomenda.

O estrogênio também é um fator de proteção em relação à osteopenia e à osteoporose —  o primeiro é o início do processo de enfraquecimento dos ossos, já o segundo, sua fase mais aguda. Monitorar a qualidade dos ossos por meio do exame de densitometria óssea depois da menopausa deve fazer parte do checklist feminino.


Prevenção

Na lista dos exames preventivos deve constar, obrigatoriamente, a partir dos quarenta anos, uma mamografia anual. E, a partir dos vinte e cinco anos, o papanicolau para a detecção do câncer do colo do útero — doença que pode ser provocada principalmente pelo vírus HPV. O melhor remédio contra o HPV é a vacina quadrivalente disponibilizada pelo SUS.

Há ainda a questão da saúde menstrual. É preciso verificar se o ciclo está regular, se há episódios de cólica. E ficar atenta aos casos de fluxo muito intenso, pois o corpo perde ferro com o sangramento, elevando o risco de anemia.

“De resto, é manter uma vida ativa, praticar exercícios, comer de maneira equilibrada, dando preferência sempre que possível aos alimentos in natura, e dormir bem”, recomenda Mariana.

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