Certamente, neste 10 de agosto, famílias estarão pelo Clube comemorando o Dia dos Pais, celebrado sempre no segundo domingo do mês. Para marcar a data, a Revista Pinheiros traz três histórias que têm em comum o ECP como ponto central da relação entre pais e filhos. Uma delas passa pelas piscinas pinheirenses e mostra o que pode acontecer quando os papéis filha/atleta e pai/treinador se entrelaçam. A outra tem a ver com legado: o que um pai aprendeu trabalhando no Pinheiros e como essa experiência é transmitida ao filho que está chegando agora. A terceira é a clássica relação de pai e filha, que vai se transformando ao longo de décadas passadas entre as alamedas, quadras, pistas e demais atrações pinheirenses.
INTENSA, COMPLEXA E DESAFIADORA
A lembrança segue viva na memória da Izabella Chiappini: criança, ela descalçava o tênis perto do final do jogo e ficava esperando. Quando a partida terminava, disparava em direção à piscina e se atirava na água para comemorar a vitória do time de Polo Aquático do Pinheiros junto com os pais, o técnico Roberto Chiappini e a jogadora Raquel Maizza.
Com um DNA desse tamanho não teve jeito. Izabella virou atleta do Polo Aquático. Na verdade, muito mais: se transformou em um dos maiores talentos da modalidade já formados nas piscinas do Clube. Hoje, atleta do SIS Roma, time da capital italiana, Izabella espera se recuperar de uma cirurgia no ombro esquerdo e disputar os Jogos de Los Angeles, em 2028. Dessa vez, defendendo as cores da Itália e, quem sabe, realizando o sonho de conquistar uma medalha olímpica — ela está em processo de obtenção da cidadania esportiva do país.
Izabella reconhece que se tornou a jogadora que é graças ao pai. Na posição de técnico da filha, Roberto a lapidou das categorias de base aos times adultos do Pinheiros. Uma relação intensa, complexa e desafiadora, em que os papéis de filha/atleta e pai/treinador se misturaram para o bem e para o mal. “Cheguei ao nível em que cheguei por causa do meu pai. E hoje sou capaz de aguentar qualquer técnico por causa dele. Meu pai era difícil. Não tinha elogio.” Izabella lembra que ela e o pai se desentendiam quase toda semana, e as discussões não terminavam na piscina. Ambos de personalidade forte, levavam o desaforo para casa, literalmente.
Ela se recorda uma vez que, depois de brigarem, o pai abriu votação entre as demais jogadoras do time para decidir se Izabella deveria ser banida ou não da equipe. “Meu pai queria evitar a qualquer custo que dissessem que eu era privilegiada por ser filha dele. Eu tinha que chegar ao treino antes de todo mundo, sair depois, tinha de provar que merecia o tempo inteiro. Nunca era suficiente.” Roberto reconhece que esticou a corda. “Durante um bom tempo agi mais como técnico do que como pai. Era uma maneira de me defender de qualquer tipo de insinuação. E quem sofreu mais foi a Iza. Ela ganhou na parte esportiva, mas acabei me distanciando como pai. Infelizmente, não existe um manual que ensine a enfrentar uma situação dessas. A gente aprende com os erros.”
A relação desanuviou quando Roberto deixou de ser técnico da filha, em 2018. Desde então, ela ganhou um conselheiro e um pai coruja, cujos olhos brilham quando fala do talento da filha: “Ela tem uma aptidão física fora do comum para a modalidade. É leve e se desloca rapidamente na água. E consegue tirar o corpo fora da linha da água muito facilmente, o que é importante no Polo Aquático”. Izabella continua pedindo opinião e orientação para Roberto. Mas, agora, a relação é de troca, mediada pelo afeto entre pai e filha.
Mas qual será o papel que Roberto prefere: o de pai ou técnico? “Olha, a Izabella é uma atleta de um nível tão bom que é um prazer ser técnico dela. Ela decide jogos. É mais ou menos assim: dá a bola pra Iza que ela resolve. Mesmo assim, prefiro ser o pai dela.”
NO BOM CAMINHO
Há 31 anos, Ailton Puridade segue uma rotina inabalável. Acorda por volta das quatro da manhã, toma um banho e veste seu uniforme de trabalho: calça preta, camisa social azul, gravata preta e sapatos idem. Em dias especiais, o paletó completa o traje. O aspecto de tudo é imaculado. A roupa foi lavada e caprichosamente passada por ele mesmo, que também lustrou o calçado. O par brilha. O controle de qualidade é rigoroso. “Preciso estar impecável para receber os associados”, explica Puridade, chefe geral da segurança do Pinheiros. É o que ele faz todos os dias, a partir das 5h30, quando Clube abre suas portas para mais uma jornada.
O ritual de Puridade exprime sua ética, uma mistura de carinho, zelo e responsabilidade em doses iguais. Reflete também seu amor pelo Clube. “Gosto demais daqui e do que faço. O Pinheiros ajudou a criar minha família”. Ele chegou ao ECP em 1994, como funcionário terceirizado. Quando a empresa à qual estava ligado abriu concordata, em 2001, ele recebeu o convite para permanecer e virar funcionário do Pinheiros. Não titubeou em aceitar a oferta, mesmo passando a ganhar menos da metade do que recebia como terceirizado. “Na época, minha mulher achou que eu estivesse maluco, mas expliquei: ‘Agora, faço parte da família Pinheiros’.” Puridade logo foi subindo na hierarquia de seu setor e há 15 anos está à frente dele, no comando de uma equipe de mais de 200 seguranças.
Ele não sabe dizer se o filho Daniel, de 15 anos, vai cumprir trajetória semelhante, mas tem certeza de que a experiência no Pinheiros será decisiva para o futuro do garoto. Daniel seguiu o conselho do pai, inscreveu-
-se e foi selecionado para o programa Jovem Aprendiz. Desde o início do ano, trabalha no administrativo do Skate. Ali é uma espécie de faz-tudo: separa equipamento, auxilia os professores, atende associados — andar de Skate mesmo, ele não sabe. “O pessoal foi muito receptivo quando cheguei, todo mundo sempre me ajuda muito. E, claro, conto com o apoio do meu pai.”
Além do Pinheiros, Daniel ingressou numa concorrida Etec (Escola Técnica Estadual), onde cursa o Ensino Médio. Ele cumpre uma rotina intensa. Estuda pela manhã, almoça, chega ao Clube às 14h e costuma sair por volta das 20h. Puridade está orgulhoso do filho, e nem podia ser diferente. “Acompanhei o esforço dele para passar na seleção do Jovem Aprendiz. Agora, procuro mostrar a importância do Pinheiros e que estamos aqui para servir. Essa é a nossa missão”, diz Puridade. “A ideia é que os filhos superem os pais. De certa forma, o Daniel já me superou. Ele está no bom caminho.”
TACADA CERTEIRA
Aos 97 anos, Ítalo Mário Catani exibe uma firmeza surpreendente para uma pessoa de sua idade. Apoiado na bengala, anda ligeiro. E mostra-se um jogador de Bilhar certeiro. Ele e sua turma de amigos têm mesa cativa no salão de bilhar, da Sede Social. Toda quarta-feira estão ali, animados, dando suas tacadas em acirradas disputas. Outro programa religioso é o almoço aos domingos no Clube, quando tem a satisfação de ver a família reunida: a mulher, Célia, os três filhos, quatro netos e três bisnetos. Fica faltando somente a neta que mora nos Estados Unidos.
Ítalo é pai de Vera Lúcia Catani Dutra Rodrigues, vice-presidente da Diretoria, a quem transmitiu a paixão pelas coisas do Pinheiros. Ele é associado desde o final dos anos 1950. Vera Lúcia e os irmãos cresceram entre as alamedas do Clube. Ela se lembra da infância, quando brincava na piscina com o pai, e também de tempos não tão distantes, quando o programa era caminhar dentro da piscina com Ítalo e com a mãe, exercício que agora se tornou muito puxado para o casal.
Vera, o marido, o pai e a mãe formavam a Tirolesa, equipe de Boliche temida nos campeonatos internos do Clube. “O Pinheiros sempre teve esse caráter gregário, de família.” Um símbolo dessa união eram os bailes de Carnaval. Adolescentes, Vera Lúcia, irmãos e primos podiam participar das noitadas de folia desde que acompanhados dos pais. “Eu me lembro até hoje dos meus pais e tios sentados na mesa enquanto a gente se acabava no salão.”
Hoje os programas são mais tranquilos, mas ainda dá pra suar a camisa. Vera, ao lado pai, participava do Programa Esporte e Saúde até há pouco. “Mas, por uma questão de praticidade, resolvemos fazer mais perto de casa”, explica.
Ítalo trabalhou até os 82 anos, quando recebeu um ultimato de Célia. “Ela me disse: ‘Chega, agora vamos viajar’.” E assim foi feito. O casal realizava pelo menos uma viagem por ano até há pouco. Descanso merecido para quem trabalhou desde a adolescência, sempre no ramo da construção civil. Nos anos 1950, Ítalo fundou a Volterra, empresa pioneira na produção de lajes pré-moldadas. Entre inúmeras obras realizadas, sua empresa forneceu matéria-prima para a construção dos edifícios da Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Fotos de Roberto e Izabella Chiappini: Arquivo pessoal
Foto de Daniel e Ailton Puridade: Renan Dantas/ECP
Fotos de Ítalo Mário Catani e Vera Lúcia Catani Dutra Rodrigues: Marcelo Prais/ECP
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