Em 19 de fevereiro será celebrado o Dia do Esportista, e quem pensa que a comemoração está restrita apenas aos atletas de alto rendimento, aqueles campeões olímpicos, está enganado. A data foi criada para homenagear e incentivar a prática entre todas as pessoas e lembrar os benefícios que a atividade física pode trazer.
Já foi comprovado que colocar o esporte no dia a dia, aliado a uma alimentação saudável e balanceada, pode auxiliar em diversas doenças e ainda prevenir alguns tipos de câncer. “Esse hábito é tão importante quanto o uso de medicamentos para quem precisa. Chamamos em medicina de tratamento não medicamentoso, que inclui as dietas, os exercícios, posturas, condutas, mudanças como um todo”, explica a Dr.ª Kathia Helena Takiuti, especialista em cardiologia.
Em trinta anos trabalhando com o Programa Esporte e Saúde, a médica afirma já ter visto muitas histórias serem transformadas. “Temos muitos casos de associados com problemas sérios que passam a ter mais qualidade de vida depois de começar um esporte, e outros que relatam, por exemplo, ter conseguido melhorar a disposição. Alguns no começo podem até ter sido relutantes, mas depois que começam acabam gostando bastante e ficando”, conta a cardiologista.
Nunca é tarde para se exercitar
Você já pensou em iniciar alguma atividade ou modalidade esportiva, mas achou que não tinha mais idade? Então se inspire na história da professora aposentada Maria Cristina Bernardino de Campos Neves.
Quando estava perto de completar quarenta anos, uma das maiores frustações da associada era não saber nadar. “Tomei coragem e comecei a fazer a aula no Clube com as crianças, lá na Piscina Infantil. Eu morria de medo. Fiquei um ano fazendo a iniciação e depois fui para a turma adulta, entrei no aperfeiçoamento e desde então não parei mais”, relembra Maria Cristina.
Incentivada por amigas da turma de Natação e pelo seu professor, a pinheirense começou a fazer Travessias, provas de longas distâncias em águas abertas. “A primeira que fiz não foi competição. O Alexandre, nosso professor, costumava fazer uma espécie de confraternização no final de ano e levou a gente para uma praia, e lá aconteceu minha primeira travessia. Mas depois que comecei a fazer também não parei mais. Já nadei no rio São Francisco, no rio Negro, fiz até uma travessia fora do Brasil, em Istambul. Nessa de Istambul até subi no pódio”, comemora.
Além da Natação, Maria Cristina conta que frequenta o Fitness e já tem uma nova paixão: o Pilates. “Eu experimentei e amei. O Pilates para mim hoje dá um equilíbrio físico e mental. Quando criança não tive estímulo nenhum. Vim do interior para a capital e meus pais não conheciam ninguém aqui, então o estímulo fui eu mesma que me dei. E hoje eu preciso fazer atividade física.”
Para quem está na dúvida se começa ou não a praticar alguma atividade, ela deixa um recado: “O esporte faz isso com a gente, traz pensamentos bons e boas amizades.”
O bom filho ao esporte retorna
“Para quem não acredita em Deus, eu sou a prova viva de que ele existe.” É assim que Marcos Cuco começa a relatar sua história com o esporte. Muito ativo desde a infância, tinha uma paixão em especial pelo surfe, mas, entre as várias atividades que fez pelo ECP quando criança e adolescente, passou pelo CAD, Natação, Judô, entre outros. E foi sempre assim até chegar à fase adulta. Aos trinta anos, no entanto, se viu diante de uma situação inesperada.
“Minha lesão foi por uma bobagem. Fui mergulhar de uma ponte, coisa que sempre fazia, mas sempre da maneira correta, quando não conhecia o local olhava o que tinha embaixo e onde podia pular. E nessa ocasião não fiz isso. Mergulhei de uma altura de doze metros, caí numa laje de pedra. Foi uma lesão muito séria, muito grave, e não ter perdido os movimentos foi um milagre.”
Depois do acidente, o associado teve que ressignificar não só o esporte, mas sua vida. Entendeu a necessidade de respeitar seus limites e passou por um longo processo até encontrar seu “lugar ao sol” novamente. “Me afastei de tudo que era ligado ao esporte em um primeiro momento, cheguei aos 93 kg, sendo que meu peso sempre ficou em torno dos 78 kg. Minha esposa me ajudou demais nesse processo de recuperação, que foi bem complicado.”
Os primeiros seis anos foram de buscas incessantes por terapias que pudessem dar resultados. O pinheirense também teve uma filha – e brinca que ela fez parte da sua fisioterapia. Ele tinha medo de não conseguir segurar a filha no colo, mas, conforme a pequena foi crescendo, ele também foi evoluindo fisicamente, conseguindo acompanhar e dar conta de suas necessidades durante toda a infância. E foi durante uma vinda ao Clube, onde aguardava a filha sair de uma de suas atividades, que Marcos viu surgir uma nova chance de retomar a vida de esportista.
Ao ver amigos passando suados e cansados, ele logo pensou: “Não sei o que eles estão fazendo, mas acho que pode ser interessante para mim”. Era o Jiu-jitsu, e ele acabou confirmando que essa era a opção que estava procurando após um encontro despretensioso com um velho conhecido da infância em uma das portarias do Clube. O nome do amigo era Gabriel Vella.
“Conversei com ele, expliquei meu caso e perguntei: ‘Você acha que tem alguma possibilidade?’. E ele falou: ‘Marcos, pode vir, que a gente vai fazer no seu limite, com certeza alguma coisa conseguimos fazer. O seu limite vai dizer o quanto vamos evoluir.”
Depois de um processo de onze anos, o pinheirense conseguiu chegar a um nível de progresso que não imaginava e teve um ganho físico e psicológico, que era o que mais buscava, além de um trabalho de fortalecimento da musculatura profunda e sustentação da coluna, coisa que só encontrou com o Jiu-jitsu.
“Hoje faço Jiu-jitsu e Remo, estou morando na praia, então pesco de caiaque. Também surfo. Tenho uma vida bem ativa, mas mais dosada do que quando sofri o acidente, até por conta da lesão e do tratamento que eu tive. Acho que meu caminho para conseguir ter qualidade de vida sem precisar tomar medicação é o Jiu-jitsu, que me dá todo o suporte.”
Dicas para se tornar um esportista
↗ O primeiro passo é fazer uma avaliação médica para saber se está tudo bem e quais modalidades você pode praticar.
↗ Também é muito importante procurar a ajuda de um profissional para saber se está fazendo os movimentos de forma correta.
↗ Comece devagar e vá aumentando gradativamente.
↗ Sempre comece com um bom alongamento.
↗ Faça exercícios variados, pois cada um tem uma função. Tem que alongar, fortalecer e dar condicionamento físico.
↗ O fortalecimento dá força para o músculo; o alongamento estira o músculo para você se tornar mais flexível; o condicionamento trabalha com os sistemas cardíaco, pulmonar e muscular, integrando os três.
↗ Recomenda-se uma frequência de pelo menos cerca de 30 minutos, cinco vezes por semana, de atividades físicas.
↗ Lembre-se: tem muitas coisas que podemos fazer mudando os hábitos do dia a dia. Subir e descer escadas e rampas ou optar por não tirar o carro da garagem para ir até a padaria, por exemplo. Nossas escolhas podem fazer toda a diferença.