Frescor na literatura brasileira

Para celebrar o Dia Nacional do Livro, selecionamos 10 trabalhos de autores brasileiros contemporâneos

27/09/2021 27/09/21

O Dia Nacional do Livro é comemorado em 29 de outubro, data em que foi fundada a Biblioteca Nacional do Brasil, em 1810. Para homenagear os livros e a literatura brasileira, listamos 10 trabalhos de escritores contemporâneos de diversas partes do País e de diversos gêneros para trazer um panorama da nova escrita nacional.


Itamar Vieira Junior

Nascido em Salvador, em 1979, o autor é geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos pela UFBA. Escreveu também Dias e A oração do carrasco.

Torto Arado

Tendo como pano de fundo o sertão baiano, o romance aborda as relações de trabalho semiescravagistas, a discriminação social e a questão da terra, compondo uma história instigante que prende a atenção do leitor do começo ao fim. A prosa melodiosa, épica e lírica, que fala sobre vida e morte, combate e redenção, consagrou o autor entre os mais aclamados da literatura brasileira. O livro venceu os prêmios Jabuti em 2020 e Leya em 2018 (em Portugal) e se tornou um clássico.


Jeferson

Tenório

Nasceu no Rio de Janeiro, em 1977, mas vive em Porto Alegre, onde estuda teoria literária. É autor de O beijo na parede (2013), seu romance de estreia, eleito o livro do ano pela Associação Gaúcha de Escritores, e também de Estrela sem Deus (2018).

O avesso da pele

Relações raciais, violência e negritude são os principais temas do romance do escritor Jeferson Tenório. O leitor conhece a história de Pedro, jovem que perdeu o pai em uma desastrosa abordagem policial e busca resgatar a trajetória de sua família. A narrativa traz à tona um Brasil marcado pelo racismo e mostra as falhas do sistema educacional, além de falar, é claro, sobre as relações entre pais e filhos. Em O avesso da pele, o autor se consolida como uma das vozes mais potentes e corajosas da literatura nacional contemporânea.


Natalia Timerman

Nascida em São Paulo, a autora é formada em psiquiatria pela Unifesp, mestre em psicologia e doutoranda em literatura pela USP. Publicou Desterros: Histórias de um hospital-prisão (Elefante, 2017) e a coletânea de contos Rachaduras (Quelônio, 2019).

Copo vazio

A autora Natalia Timerman aborda um tema bastante recorrente na literatura universal: o abandono. A protagonista do livro, Mirela, padece do mesmo sofrimento de grandes personagens como Emma Bovary e Anna Kariênina, e precisa se reconstruir após o término de um relacionamento. Os leitores percebem que há algo de atemporal na história, que revela uma dor já vivida por todos e, ao mesmo tempo, elementos contemporâneos, como as redes sociais. 


Mariana Salomão Carrara

Paulistana, defensora pública e nascida em 1986, a escritora tem mais três livros publicados.

Se deus me chamar não vou

Nesse livro, Mariana Salomão Carrara conta a história de Maria Carmem, criança de 11 anos que está escrevendo um livro e conta suas experiências em casa e na escola. O leitor conhece os sentimentos mais profundos da protagonista: medos, angústias, sonhos e segredos. A voz de criança que conduz a narrativa é muito acertada, já que Se deus me chamar não vou não parece um livro infantil. Com toques de humor e também de melancolia, o livro rende boas risadas e muitos aprendizados, trazendo questões contemporâneas, como o poliamor.


Emicida

Leandro Roque de Oliveira, conhecido pelo nome artístico Emicida, nasceu na zona norte de São Paulo. Rapper, cantor, letrista e compositor brasileiro, se lançou na literatura infantil. 

E foi assim que eu e a escuridão ficamos amigos

O rapper Emicida mostra mais uma vez seu talento literário nesse livro infantil sobre como lidar com o medo do desconhecido. Em uma narrativa poética e ritmada, o autor conta a história de uma menina que tem pavor de escuridão e fica preocupada com o que o escuro pode esconder. Até que a protagonista percebe que a escuridão também é uma criança como ela, mas que tem medo da claridade. Assim, ambas descobrem que enfrentar o que nos assusta é o caminho para nos transformarmos por dentro e por fora.


Ana

Guadalupe

Nascida em Londrina, Paraná, em 1985,
a poeta é formada em letras pela
Universidade Estadual de Maringá.
Hoje mora em São Paulo e trabalha
também como revisora e tradutora.

Preocupações

O cotidiano é material para a poesia no terceiro livro da escritora Ana Guadalupe, com textos escritos entre 2013 e 2017. Em Preocupações, a ida ao mercado, o preço do aluguel e até o ônibus ganham atmosfera poética, mostrando que a autora tem um olhar único para transformar o aparentemente banal em versos. A inspiração vem de seu próprio dia a dia, com uma mescla de experiências com memórias e imagens que encontra por aí.


Stênio

Gardel

O autor nasceu em Limoeiro do Norte, interior do Ceará, em 1980, e é especialista em escrita literária. Esse livro foi escrito durante os ateliês de narrativa ministrados pela escritora Socorro Acioli em Fortaleza.

A palavra que resta

Nesse livro, o leitor acompanha a trajetória de Raimundo, homem analfabeto que aos 71 anos aprende a ler e a escrever. Nascido e criado na roça, não frequentou a escola para poder ajudar o pai na lida. Quando deixou a vida no sertão para trás, o protagonista só levou a carta de seu grande amor, Cícero, que agora finalmente poderá ler. O autor cearense Stênio Gardel fala do passado de Raimundo e da dor da ocultação de sua sexualidade, mas também das pessoas que conheceu no caminho, após fugir de casa. A narrativa sensível e magnética mantém o público envolvido nas 160 páginas do romance.


Natércia

Pontes

A autora nasceu em Fortaleza, em 1980, e hoje mora em São Paulo. Tem outro livro publicado, Copacabana Dreams (2012), que chegou a ser finalista do prêmio Jabuti.

Os tais caquinhos

O romance conta a história de uma família formada pelo pai Lúcio e suas duas filhas adolescentes, Abigail e Berta. O trio vive em um apartamento caótico, repleto de lixo, já que Lúcio é um acumulador pouco afeito à vida prática. Em meio a esse cenário, as jovens crescem em meio às descobertas da adolescência com os conselhos incomuns do pai. Nesse romance de formação trágico e comovente, a autora vai tecendo o retrato dessas três pessoas que buscam conviver com seus sonhos, manias e medos.


Aline

Bei

Formada em letras pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e em artes cênicas pelo Teatro-Escola Célia Helena, a escritora é vencedora do prêmio São Paulo de Literatura com seu primeiro livro, O peso do pássaro morto (2017).

Pequena coreografia do adeus

Em seu segundo romance, Aline Bei constrói um retrato sensível e brutal sobre família, amor e abandono. O leitor conhece a história de Júlia, filha de pais separados, que mora com a mãe e assiste de perto a seu processo de lidar com o abandono do marido. Sufocada por uma atmosfera de brigas, a protagonista busca encontrar sua individualidade, desvencilhando-se dos traumas familiares. Com um estilo muito peculiar que a tornou uma grande revelação da literatura brasileira, a autora nos mostra como nossas relações moldam quem somos.


Jarid

Arraes

Escritora, cordelista e poeta, a autora nasceu em Juazeiro do Norte, na região do Cariri. Hoje mora em São Paulo e tem outros três livros publicados: Um buraco com meu nome, As lendas de Dandara e Heroínas negras brasileiras.

Redemoinho em dia quente

Conhecida na literatura de cordel, Jarid Arraes se lança no gênero conto nessa coletânea de histórias. As narrativas, que misturam realismo, fantasia e crítica social, têm como protagonistas as mulheres da região do Cariri, no Ceará. A escritora narra a vida das personagens com exatidão, originalidade e fluência, o que a transformou em uma voz única na literatura brasileira. Os contos têm motes interessantes, como a história da lavadeira que tenta entender os desejos da filha, da mototáxi que começa um novo trabalho e da senhora católica que encontra uma sacola com pílulas, entre outras.


Júlia

Grilo

Romancista, ensaísta e cronista, a autora nasceu em 2000, em Amélia Rodrigues, no Recôncavo Baiano. Atualmente mora em Salvador e cursa psicologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Cães

Quando o cão chamado Cafeína chega a sua casa para fazer parte da família, uma menina passa a refletir sobre o que nos diferencia e nos aproxima dos outros animais, investigando a condição humana em uma interessante viagem existencial. O romance de estreia da escritora baiana Júlia Grilo, lançado em 2021, tem uma linguagem ao mesmo tempo densa e fluida, com toques autobiográficos, e aborda, também, o processo de amadurecimento da protagonista, da infância à vida adulta. O livro conta com prefácio da cartunista Laerte e edição da Penalux.

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