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Heróis paralímpicos

Confira a participação dos atletas do ECP na Paralimpíada de Tóquio

22/09/2021 22/09/21

O paralímpico mais rápido do mundo

Natural de São José do Brejo do Cruz (PB), Petrucio Ferreira se acidentou, aos dois anos, com uma máquina moedora de capim, perdendo parte do braço esquerdo. O acidente, no entanto, nunca o impediu de ter uma vida ativa e de ser uma criança e adolescente que gostava de esportes.

Assim como boa parte dos jovens brasileiros, o medalista sonhava com o Futebol e chegou a jogar com atletas “convencionais”. E foi justamente durante uma partida, em uma competição realizada em uma cidadezinha do interior nordestino, que um dos organizadores do evento viu nele potencial para o Atletismo e o convidou para conhecer a modalidade.

O convite acabou dando tão certo que Petrucio passou por uma etapa regional de um campeonato e conseguiu uma vaga para o nacional. Mesmo sem muito treino e ainda sem saber direito o que estava fazendo, ganhou a competição. E foi assim que, em 2013, ele entrou de vez para o paratletismo, e de lá para cá viu sua carreira se tornar cada vez mais sólida – e seu título de homem mais rápido do paratletismo se tornar realidade.

Em 2015 Petrucio foi a Toronto e tornou-se campeão pan-americano dos 100m e 200m. Já sua estreia em Paralimpíadas foi nos Jogos do Rio, nos quais, aos 19 anos, foi campeão dos 100m com direito a recorde e conquistou mais duas pratas, uma nos 400m e outra no revezamento 4x100m T42-47. E mesmo com uma carreira relativamente nova no paratletismo, também é o nome a ser batido nos mundiais, já que em 2017 (Londres) foi campeão dos 100m e 200m e, na edição de 2019 (Dubai), conseguiu o título de bicampeão mundial dos 100m livres, além de ter sido o campeão dos 400m.

Antes de brilhar duas vezes na Paralimpíada 2020, em setembro, o pinheirense precisou lidar com uma lesão às vésperas de sua estreia. O foco e a estratégia tiveram que ser alterados para que sua ida à capital japonesa não fosse frustrada. 

Aos 24 anos, Petrucio sagrou-se bicampeão paralímpico com direito a novo recorde na prova dos 100m T47, com o tempo de 10s53, e ainda conquistou o bronze nos 400m, com o tempo de 48s04.

“Eu saio muito contente da competição por ter conquistado duas medalhas, mas sei que poderia ter tido resultados melhores. Acabei tirando o foco do tempo que eu queria, passando a olhar apenas para a medalha. Mesmo assim consegui esse ouro e me tornei bicampeão”

COMENTA O VELOCISTA DE FORMA DESCONTRAÍDA

Com a primeira etapa concluída com êxito, o velocista ainda tinha uma importante missão pela frente: a prova dos 400m T47. Correr essa distância é um desafio que ele vem encarando desde o último ciclo olímpico, já que se especializou nos 100m e 200m. “Dos 100m para os 400m são provas bem diferentes. São treinos totalmente distintos, um trabalha um pouco mais de resistência, e o outro, dos 100m, trabalha mais a velocidade. Então a gente tem que treinar com cautela para não perder de nenhum dos dois lados”, conta Petrucio. Tudo acabou dando certo, e mais uma vez o paraibano subiu ao pódio com toda a sua alegria e irreverência, com direito a chapéu de couro e dancinha.

Vale lembrar que, contando com os últimos resultados de Tóquio, Petrucio é o atual recordista paralímpico dos 100m e o recordista mundial dos 100m e dos 200m.

FOTOS: COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO (CPB)


A conquista além das medalhas

Claudia Sabino disputa a final A na categoria PR1W1x do remo em Sea Forest Waterway.

Em Tóquio, O ECP também foi representado pelos remadores Jairo Klug e Cláudia Santos, que se mantiveram entre o grupo dos 10 melhores em suas respectivas provas: Cláudia conquistou a sexta colocação no Single Skiff Feminino PR1 e Jairo, junto dos outros três remadores brasileiros, ficou com o 10º lugar do Quatro com Misto PR3.

A pinheirense inclusive é uma veterana em Olimpíadas, e essa foi a quarta vez que representou as cores brasileiras. Entre todas as suas atuações, Londres foi a de resultado mais expressivo, já que a remadora quase subiu ao pódio ao conquistar o 4º lugar.

Foi também em Londres que Jairo fez sua estreia, momento que segundo o próprio atleta foi um dos mais emocionantes da sua carreira, um recomeço após o acidente de moto que limitou seus movimentos dos braços e a chance de continuar praticando o “remo convencional”.

Em Tóquio, o Clube também foi representado pelo atual analista de desempenho da equipe feminina de Vôlei do Pinheiros, Ubiratan Curupaná, que fez parte da comissão brasileira do vôlei sentado nas Paralimpíadas. 

Jairo Klug

FOTOS: MIRIAM JESKE/COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO (CPB)


ECP nas paralimpíadas

Diferentemente dos Jogos Olímpicos, que levam os famosos cinco anéis de cores diferentes representando cada continente, na Paralimpíada o símbolo é o “agito”, que em latim significa “me movimento”. Trata-se de um desenho assimétrico de três arcos nas cores vermelha, verde e azul, que representam o lema “espírito em movimento”. E é exatamente assim, mantendo-se em movimento, que o ECP segue desde sua primeira participação em Jogos Paralímpicos até a edição realizada em Tóquio.

Com as duas novas medalhas conquistadas por Petrucio Ferreira, o ouro nos 100m e um bronze nos 400m da classe T47 (membros superiores amputados), o Clube agora conta com 17 medalhas paralímpicas.


ROMA

Com 23 países e 400 atletas participantes, foi a primeira edição oficial dos Jogos Paralímpicos


HEIDELBERG

O Brasil levou sua primeira delegação aos Jogos Paralímpicos


PEQUIM

O Clube fez sua estreia em Paralimpíadas e conquistou 5 medalhas: 4 ouros e 1 prata


LONDRES

O ECP conquista mais 5 medalhas: 3 ouros e 2 pratas, somando 10 resultados
(todos de Andre Brasil – Natação)


RIO DE JANEIRO

Mais 5 medalhas foram conquistadas, sendo uma delas inédita, no Atletismo: uma prata com Alan Fonteles (e mais 2 pratas e 2 bronzes de Andre Brasil) 


TÓQUIO

Petrucio Ferreira conquista mais 2 medalhas no Atletismo, um ouro e um bronze, somando 17 medalhas para o Clube