A crise do coronavírus pegou todo mundo de surpresa, e não houve quem não mudasse a rotina por causa da pandemia. Se para os adultos já foi difícil entender o que estava acontecendo, imagine para a criançada.
De uma hora para outra os pequenos não iam mais à escola, ao Jardim de Infância Tia Lucy, nem ao CAD, e o Parquinho Infantil e a Brinquedoteca do Clube foram fechados. As atividades, antes realizadas fora de casa, passaram a ocorrer por vídeos e com o auxílio dos responsáveis, que encontraram formas de entretenimento na quarentena.
Mas como as crianças vêm percebendo esse período de incertezas, como esse inimigo invisível vem afetando suas vidas? Perguntamos aos pequenos associados o que estão pensando do mundo de hoje e o que acham que vai acontecer no futuro.
Algumas respostas foram inspiradoras, outras mostram o descontentamento com a mudança na rotina. Mas todas são carregadas daquela sabedoria, criatividade e verdade da infância.
Carolina Mello Curam, de cinco anos, conta que a pandemia mudou muito sua rotina e da sua família, principalmente em relação aos cuidados com a higienização. “Estou achando o mundo de hoje bem mais ou menos, está mais para ruim do que para bom. Agora minha mãe não me deixa mais mexer nas compras do supermercado antes de ela limpar tudo para que fique sem o coronavírus”, comenta a pinheirense.
Já Martin Granato Goldberg e Victor Rezende Mauro, ambos de quatro anos, veem a parte “boa” do que está acontecendo, que foi ficar o tempo todo perto de seus pais e mães. “Eu fiz comida com a família durante a quarentena e foi muito legal”, conta Martin. E Victor completa: “Pude ficar mais tempo com a mamãe”.
O pequeno associado Cauã Castro Inserra Bellanti A. Pimentel, de seis anos, acha que o mundo só melhorou recentemente, quando ele pôde voltar a frequentar as aulas do CAD e rever os amigos. “O mundo está horrível com esse coronavírus, porque não podemos sair muito de casa e os mercados estão fechando mais cedo. E mesmo assim algumas pessoas continuam saindo, mas não pode, porque é perigoso. Tem que lavar tudo muito bem para não ficarmos doentes”, afirma.
A mudança no convívio foi o que mais marcou a pinheirense Fernanda Cini Bosisio Bueno, de sete anos. “Agora não podemos mais fazer brincadeiras em que um encosta no outro, nem podemos nos cumprimentar com abraços, e isso é muito ruim. Na hora de fazer as atividades do CAD, cada um tem o seu material e temos que ficar distantes uns dos outros durante a aula”, conta a associada.
Para Beatriz Cini Bosisio Bueno, de nove anos, a parte mais difícil da quarentena tem sido não poder ver os amigos e professores. “Todos precisaram ficar em casa por causa do coronavírus e isso é muito difícil, porque não posso mais ir à escola ter aulas com meus professores, nem encontrar meus colegas e amigos. Mas tem uma parte boa, que é ficar mais tempo com a minha família, já que passamos a fazer tudo só em casa”, comenta a associada.
Helena Severi Lara, de oito anos, é mais pragmática e vê que uma das formas de não pegar a doença é evitando ter contato com as pessoas. “Para não termos essa pandemia de novo, precisamos parar de chegar perto e encostar nas pessoas, tem que manter distância. Quando tudo isso passar, vamos dizer ‘aleluia, acabou!’ e aí vamos poder voltar à nossa rotina de ir às aulas e rever os amigos”, comenta.
Para Luís Felipe Bagneti Brando, de nove anos, a chave para o fim da pandemia está na descoberta da vacina: “A quarentena foi para não pegarmos a doença, agora precisam inventar uma vacina. No começo eu até achei bom não ir à escola, mas depois eu vi que ir à aula era melhor do que ficar em casa”.
Fotos: Ana Celia Osso / Ilustrações: Polar.ltda