O Esporte Clube Pinheiros foi representado na Olimpíada de Tóquio por 28 atletas em cinco modalidades – Atletismo, Esgrima, Ginástica Artística, Judô e Natação –, e mais uma vez os pinheirenses fizeram história no maior evento esportivo do mundo.
O destaque foi ALISON DOS SANTOS, que conquistou a medalha de bronze no Atletismo. Assim, o Clube se manteve como responsável por 10% dos pódios olímpicos do Brasil até hoje – o País passou a contar com 150 medalhas, das quais 13 foram trazidas por atletas do Clube.
Essa é a quarta olimpíada seguida na qual os esportistas do ECP voltam com as medalhas no peito. Em Pequim (2008), Londres (2012) e Rio (2016), os pinheirenses também subiram a pódios. A conquista de Alison, inclusive, tem um gostinho especial, já que a última vez que houve premiação para o Atletismo foi há 45 anos, quando João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, ficou em terceiro lugar na prova do salto triplo, nos Jogos de Montreal, em 1976.
O “menino de bronze”
Alison do Santos, o mais novo medalhista olímpico pinheirense, chegou chegou ao Clube no início de 2018, ainda como atleta juvenil, mas não demorou para se destacar e conseguir resultados expressivos em competições importantes.
Ao sair vitorioso do Pan-Americano de Lima, nos 400 m com barreiras, e ficar com a 7ª colocação no Mundial de Doha, em 2019, o atleta tornou-se uma promessa para os Jogos de Tóquio. E o pinheirense cumpriu a promessa e subiu ao pódio olímpico em terceiro lugar nos 400 m com barreiras, com o tempo de 46s72, batendo também os recordes brasileiro e sul-americano.
Natural de São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo, Piu, como é conhecido entre os amigos, foi apresentado ao Atletismo por meio de um projeto social em sua cidade, que abriu as portas do mundo esportivo, em 2015, quando tinha 15 anos. Na época, Alison recebeu um ultimato dos pais: se naquele seu primeiro ano praticando a modalidade não conseguisse nenhum resultado, teria que começar a trabalhar.
O resultado veio naquele ano e, a partir dali, vieram várias outras conquistas. Tanto que, ao ver a evolução do jovem atleta, sua técnica da época começou a procurar opções para que se desenvolvesse cada vez mais.
Em 2017, quando conquistou uma medalha no Mundial Sub-18, no revezamento 4×400 m misto, Alison e a treinadora procuraram o ECP para que o esportista começasse a fazer intercâmbios. No início, faziam temporadas curtas de treino e voltavam para casa, mas, depois de um tempo, concluíram que o melhor para o jovem barreirista seria acertar de vez sua vinda para a capital para defender as cores azul e preta.
Na corrida da vida
O Atletismo abriu diversos caminhos para Alison dos Santos, que aprendeu desde cedo a superar as barreiras das pistas e da própria vida. A timidez foi um dos obstáculos que o atleta transpôs com a prática esportiva. Quem assistiu ao Piu fazendo dancinhas e dando entrevistas de forma descontraída após a conquista do bronze não imagina se tratar do mesmo garoto tímido de São Joaquim da Barra que passava a maior parte do tempo em seu quarto.
Os excelentes resultados que teve com o esporte também possibilitaram que o atleta melhorasse sua condição financeira e ajudasse a família a mudar de vida. Estudar foi outra vantagem trazida pelo Atletismo: Alison ganhou uma bolsa de estudos em uma universidade parceira do Clube para fazer o curso de Fisioterapia, aprimorando seus conhecimentos e tendo que conciliar os treinos com as aulas.
Como disse o próprio medalhista, a conquista do bronze nos Jogos de Tóquio não foi só dele, mas de todas as pessoas que de alguma forma tiveram participação em sua trajetória, em especial seu técnico, Felipe Siqueira. Ainda não dá para saber com exatidão quais serão os próximos passos, mas há pela frente pelo menos duas grandes competições: o Mundial dos EUA, em 2022, e os Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023, além da Diamond League (Liga Diamante).
Alison dos Santos costuma dizer que o segredo do sucesso é não ter medo das barreiras: “Tem que vencer uma de cada vez. Comece a corrida pensando na primeira, depois que passar a primeira pense na segunda. Não esteja no bloco de partida já pensando na décima, porque, se for assim, você já começou a corrida errado”. Talvez o fato de ter aprendido cedo a lidar com as barreiras o tenha ajudado a construir sua trajetória repleta de esforço e de vitórias.
Linha do tempo
2014
Tem início a história de Alison no Atletismo, treinando pelo Instituto Edson Luciano Ribeiro.
2017
O atleta sobe ao lugar mais alto do pódio no Mundial Sub-18 de Nairóbi, no revezamento 4×400 m misto.
2018
Já treinando pelo ECP, o esportista conquista o bronze no Mundial Sub-20 de Tampere, nos 400 m com barreiras.
2019
Alison fica em primeiro lugar no Pan-Americano de Lima e em 7º no Mundial de Doha, nos 400 m com barreiras.
2021
O atleta pinheirense conquista o bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, nos 400 m com barreiras.
FOTOS: WAGNER CARMO/CBAT