Outubro Rosa conclama mulheres a fazerem mamografia anual após os 40 anos

Outubro Rosa conclama mulheres a fazerem mamografia anual após os 40 anos

27/09/2024 27/09/24

Chegou o mês de outubro, e, com ele, a campanha Outubro Rosa, voltada à conscientização sobre o câncer de mama, o tipo mais incidente de câncer em mulheres no mundo e no Brasil. Outubro Rosa é um movimento internacional criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, celebrado anualmente para promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.

No Brasil, a data virou lei. Em 2018, a Lei nº 13.733 instituiu o Mês de conscientização sobre o câncer de mama, período em que devem ser desenvolvidas atividades como iluminação de prédios públicos com luzes de cor rosa, promoção de palestras, eventos e atividades educativas, e veiculação de campanhas de mídia sobre a prevenção ao câncer.

Em todo o mundo, foram cerca de 2,3 milhões de casos novos estimados em 2020, o que representa quase 25% de todos os tipos de câncer diagnosticados em mulheres.

No Brasil, estima-se que houve 73.610 casos novos de câncer de mama em 2023, o equivalente a um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. A doença matou mais de 18 mil mulheres no Brasil no ano passado. E as maiores taxas de incidência e de mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do País.

“A incidência está aumentando a cada triênio. Hoje, o câncer de mama é o mais incidente no sexo feminino, excetuado o câncer de pele não melanoma. E é a principal causa de morte por câncer nas mulheres. Daí o Outubro Rosa para conscientizar da importância do rastreamento e da detecção precoce”, explica Vanessa Sanvido, mastologista do Hcor.

Não há um único fator de risco, mas algumas condições que aumentam o risco da doença, ela explica.

“Os principais fatores são sexo feminino e idade. Histórico familiar de câncer de mama ou de ovário aumenta o risco. Mulheres que fazem uso de hormônio, como anticoncepcional ou terapias de reposição hormonal, por mais de cinco anos. E tudo aquilo que expôs a mulher a muito estrogênio. Por exemplo, menopausa tardia, menarca precoce e falta de gestação ou de amamentação. Todos esses fatores aumentam o risco de câncer de mama.”

As principais recomendações para prevenir a doença são ter hábitos saudáveis, com atividade física regular, boa alimentação e baixa ingestão de álcool. E Sanvido, do Hcor, realça que é fundamental buscar o diagnóstico precoce da doença.

“A detecção precoce depende do rastreamento com frequência periódica. O recomendado é toda mulher com mais de 40 anos fazer mamografia todo ano. Com isso, é possível detectar lesões muito iniciais, o que impacta na sobrevida e na cura. No câncer de mama de idade inicial, a gente tem uma sobrevida em cinco anos em torno de 98%, sem impactar em qualidade de vida, enquanto no câncer localmente avançado essa sobrevida cai bastante.”

A médica salienta também que o autoexame não é recomendado pela Organização Mundial da Saúde, pois não serve para detectar a doença em estágio inicial, só casos avançados.

“Quando a gente fala de Outubro Rosa, o nosso objetivo é a detecção precoce, para ter impacto na mortalidade. O autoexame só vai detectar casos de tumores já localmente avançados. Então, não deveria ser usado.”

Ela explica que o lema “Se ame, se toque”, muito difundido no passado, deveria mudar para “Se ame, procure atendimento médico sem sintomas”. 

“A mulher tem que ter consciência sobre seus seios, ou seja, se tiver alteração do mamilo, se ficar retraído, alteração da pele, saída de líquido ou nódulo palpável, tem que procurar ajuda imediatamente, pois são sinais da doença. Mas não pode se basear só no autoexame, porque ele vai detectar apenas o câncer avançado. O que a OMS recomenda é a mulher ir à consulta médica anual, em que o médico vai fazer o exame clínico associado à mamografia.”

FOTO: FREEPIK