O segundo domingo de agosto trará dois motivos para comemorar: além de ser o Dia dos Pais, este ano a data também marca o encerramento dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Para celebrar em grande estilo, conversamos com três atletas que estiveram no Japão para entender como é a experiência de ser pai e atleta olímpico.
Gabriel Constantino, Guilherme Guido e Francisco Barreto Jr. foram alguns dos pais pinheirenses que estiveram em Tóquio representando o Brasil. Além de buscar o sonho olímpico, os atletas carregaram na bagagem saudades e motivos extras para dar seu melhor.
Vencendo barreiras
Gabriel Constantino é velocista do Atletismo e fez sua estreia no Jogos em 2021, disputando a prova dos 110m com barreiras. Mas durante o ciclo olímpico o atleta teve outra grande experiência inédita: se tornou pai de Gael. “A primeira impressão é impactante, principalmente pelo fato de você saber que será um dos principais responsáveis pela qualidade de vida e educação de um ser que será altamente dependente de você. Ao mesmo tempo é inspirador, se torna uma motivação diária.”
Desde o começo, Gabriel se programou para acrescentar à sua rotina de viagens e treinamentos momentos para dar a atenção, cuidar e curtir o filho. “Fazer com que o bebê reconheça e sinta o amor paterno é extremamente importante, pois é uma experiência incrível, principalmente para um pai de primeira viagem.”
Apesar de ter apenas três anos, hoje Gael já entende a profissão do pai e vibra com suas conquistas. O velocista reforça que procura tomar cuidado para que o pequeno não se sinta pressionado a ser atleta e não encare todas as coisas de forma competitiva, como se tudo fosse uma disputa. Ele até pretende que o filho inicie alguma prática esportiva quando tiver um pouquinho mais de idade, mas garante que não pretende influenciar em suas escolhas.
Abraços e braçadas
Guilherme Augusto Guido é um dos nadadores mais experientes da delegação brasileira que foi a Tóquio. O atleta participou da sua terceira olimpíada (também foi a Pequim – 2008 e ao Rio – 2016). Especialista no nado costas, o pinheirense também se dedica à família fora das piscinas, já que tem um casal de filhos: Lorenzo (8) e Maria Clara (5).
Uma das maiores mudanças que vieram com a chegada das crianças foi a rotina, algo tão importante na vida de um atleta. Guido conta que, desde o nascimento do primeiro filho, a solução que ele e a esposa encontraram foi incluir a família inteira na mesma programação.
“Tudo foi se adaptando à Natação. Conforme eles foram crescendo, colocamos eles para estudar de manhã, e a rotina é sempre desenhada em cima da preparação que o esporte de alto rendimento exige. Minha esposa também trabalhava, mas, depois que o Lorenzo nasceu, ela começou a ficar mais em casa e acabou fazendo essa transição. Hoje ela cuida deles e consegue me ajudar bastante, tirando um pouquinho das outras tarefas da rotina de casa.”
Quanto à necessidade das viagens e ao fato de não poder estar presente em alguns momentos, Guido relembra um dos episódios mais difíceis da carreira: quando, dois dias depois de Maria Clara, sua segunda filha, ter nascido, ele precisou viajar para um treinamento que fazia parte da preparação para os Jogos do Rio 2016.
Para diminuir a saudade e a distância, a tecnologia e os vários recursos disponíveis hoje acabam sendo grandes aliados. Hoje seus filhos também já entendem que sua profissão é a Natação, e que todo o seu sustento vem do esporte e de tudo que aprendeu e conseguiu transferir para fora da água.
“Tem vezes que o fuso horário é outro e eles acordam cedinho só para assistir e gostam bastante. E eu gosto muito de ter esse feedback também: os vídeos, os áudios que a minha esposa me manda depois, mostrando o quanto eles torceram, o quanto jogaram energias positivas, me ajudam bastante. Isso com certeza é uma força adicional que eu tenho e que sinto na hora da prova.”
Os dois filhos do atleta já praticam Natação. Se vão seguir o mesmo caminho do pai, o nadador não sabe – e afirma que pretende deixar que façam suas escolhas.
Saltando em direção ao futuro
Francisco Barreto Jr. é ginasta, e foi justamente durante a corrida por uma vaga na equipe que representaria o Brasil nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, que ele descobriu que seria pai do também Francisco, que hoje tem 4 anos.
O ginasta admite que, no começo, foi difícil se adaptar à chegada do filho, principalmente por querer estar junto em todos os momentos e ter uma rotina que não permitia isso.
Para Chico, a distância, que é inevitável e acontece sempre que é preciso viajar para treinar ou competir, é uma das partes mais difíceis da carreira de um pai atleta, e o jeito é tentar minimizar a ausência com ligações, chamadas de vídeo e contatos diários. O pequeno, apesar de também sentir falta, já entende que essa é a vida do pai, e sempre que possível procura estar inserido nas suas atividades e passar mais tempo com ele.
“Ele gosta muito e é muito bom ter a presença dele. Isso também serve como exemplo para ele, no esporte, caso ele queira seguir a carreira no futuro.”
Atualmente Francisco, o filho, pratica Judô e realiza outras atividades para ter contato com vários esportes. Chico comenta que, além da ginástica, gosta de praticamente todas as modalidades e, sempre que possível, aproveita para acompanhar os eventos esportivos que acontecem no Clube. E o filho parece seguir o mesmo caminho, pois gosta de acompanhá-lo e assistir a jogos de Basquete e Handebol do Pinheiros.
“Sempre que posso, levo ele ao ECP para vivenciar um pouquinho o Clube. Então ele frequenta o Ginásio da Ginástica, já foi conhecer a Esgrima, já fez uma ‘aula’ de Atletismo, correndo na pista com os alunos, gosta de Natação… Se ele vai seguir esse caminho eu não sei, mas que eu tenho vontade de apresentar os esportes para ele, isso eu tenho”, finaliza o ginasta.