Inicio esta última mensagem inspirado nas palavras de Fernando Pessoa: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
Eis o sentimento que nutro ao escrever estas derradeiras linhas, prestes a dar por encerrada a Missão que me foi confiada e que, ao longo de um ano e meio de mandato, força da trágica pandemia que assolou o mundo, exerci plenamente, em meio ao momento mais dramático de minha vida pessoal.
Não discorrerei sobre o que foi feito no âmbito do Conselho Deliberativo, tarefa que delego àqueles que porventura queiram falar sobre este período, iniciado em 30 de novembro de 2020.
Digo-vos, apenas, e com o mais absoluto respeito, que me retiro da Presidência do Conselho Deliberativo com a sensação plena do dever cumprido.
Em momento algum transigi com meus valores, que situo acima dos princípios que também são fundamentais.
Exerci o mandato que me foi conferido, buscando sempre cultivar a tolerância, mostrar que a pacificação é necessária, pois que eventuais divergências devem permanecer – e sempre – no campo das ideias, jamais desbordando para aspectos pessoais, transformando adversários em inimigos.
Insisti que as intransigências, motivadas por viés político, são prejudiciais aos superiores interesses do Esporte Clube Pinheiros, por isso que as consequências dos conflitos assim gerados acabam resultando na dificuldade em aprovar, no âmbito do Conselho Deliberativo, as medidas essenciais ao desenvolvimento de nossa Modelar Instituição.
A semente de tais propósitos, lancei-a em terreno fértil, razão pela qual tenho plena convicção de que germinará frondosa, para gáudio de nosso Corpo Associativo, destinatário final de todas, absolutamente todas, as ações que compete observar e adotar.
Distingo, em lição filosófica que soube aprender, que, enquanto terminar é interromper algo, ultimar é encerrar dentro de nós aquilo que já foi concluído. Eis, pois, o sentimento com o qual concluo a Missão que há dezoito meses cumpri com coragem, que, na lição do notável Nelson Mandela, “não é a ausência do medo, mas, sim, ter a consciência de que é possível superá-lo”.
Tendo iniciado esta palavra derradeira em poesia, concluo-a, também, do mesmo modo, novamente trazendo à colação o Poeta dos Heterônimos:
DEPOIS DE TUDO
De tudo ficaram três coisas
A certeza de que estamos sempre a começar…
A certeza de que é preciso continuar…
A certeza de que poderemos ser interrompidos
antes de terminar.
Por isso devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo…
Da queda, um passo de dança…
Do medo, uma escada…
Do sonho, uma ponte…
Da procura um encontro.
Até sempre com a reiteração, a todas e todos que me distinguiram com a atenção, de meu apreço, respeito e consideração.