Uso excessivo das telas

30/04/2024 30/04/24

Por Maria Irene Zerbini


A internet é uma ferramenta indispensável à vida moderna. Sua importância é constatada na aquisição do conhecimento e na aproximação entre as pessoas. 

Com o universo acessível pelo teclado dentro dos lares, descobrimos como se tornou preocupante a sua utilização. Bons e maus conteúdos passaram a rondar o cotidiano dos nossos filhos. 

A tecnologia não é um problema, mas sim o uso que se faz dela. Conteúdos não adequados à faixa etária, tempo de exposição e a falta de orientação e acompanhamento dos pais formam um pacote nocivo ao desenvolvimento infantojuvenil.

Pensando na redução dos riscos inerentes ao uso das telas, começaremos pelo tempo de exposição recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):

• Evitar a exposição de menores de dois anos às telas. 

• Crianças com idades de 2 a 5 anos devem ter o tempo de tela limitado a uma hora diária, com a supervisão de adultos.

• Crianças entre 6 e 10 anos devem ter uso máximo de
duas horas por dia, sempre
com supervisão.

• Adolescentes com idades entre 11 e 18 anos não devem ultrapassar três horas diárias frente às telas.

Podemos reverter o uso inadequado através de negociações e colocação de limites que possam ser reduzidos paulatinamente.

Sempre é mais produtivo e gratificante negociarmos o número de desenhos e seriados do que o tempo de exposição. 

Durante as refeições, o ideal é que celulares e tablets não sejam usados, já que esse é um momento importante de interação familiar e social. 

O uso das telas antes de dormir também é contraindicado em qualquer idade. Deve-se evitar eletrônicos duas horas antes de dormir, pois afetam a qualidade do sono, e a falta de repouso interferirá na liberação do hormônio do crescimento GH.

Uma noite mal dormida afeta a atenção, a memória e a aprendizagem.  

A privacidade é um quesito fundamental. Inicialmente os pais devem controlar o conteúdo que é visto. À medida que os filhos crescerem e demonstrarem maturidade para o enfrentamento do ambiente virtual, será possível, aos poucos, oferecer maior autonomia, passando a mediar o controle das telas e conversando sobre os conteúdos visitados. 

Com os adolescentes, a privacidade no uso das telas passa a ser uma zona de conflito. Nesse momento, as conversas e negociações são mais necessárias, e a presença dos pais, fundamental. 

A convivência familiar como lugar de troca e compartilhamento de experiências e o olhar apreciativo e encorajador dos pais se tornam a prescrição ideal para superar a atração pelas telas. 


Maria Irene Zerbini é doutora em psicologia clínica pela PUC-SP,
psicopedagoga e terapeuta de famílias e de casais.

FOTO: DIVULGAÇÃO

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